Em um debate estratégico e inovador, o Fórum de Rastreabilidade de veículos, máquinas, equipamentos, peças e partes, realizado na tarde desta segunda-feira (17), pelo SETCESP e pela ABIRPP – Associação Brasileira de Identificação e Rastreabilidade de partes e Peças de Veículos, Máquinas e Equipamentos, reuniu líderes do setor de transporte e autoridades da segurança pública para discutir soluções concretas contra o roubo de cargas e o comércio ilegal de peças.
Logo na abertura, Marcelo Rodrigues, presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP, ressaltou o trabalho árduo das forças policiais para combater o crime organizado. “Tenho certeza de que, com a colaboração de todos os envolvidos, nós venceremos este desafio. E este é o motivo deste encontro”, reforçou Rodrigues.
O evento marcou o lançamento oficial do SINID – Sistema Nacional de Identificação e Rastreabilidade – uma nova tecnologia que promete ser uma ferramenta estratégica de prevenção e inteligência.
Apresentado por Sinval Pereira da Silva, diretor-presidente da ABIRPP, o sistema foi concebido para inviabilizar o comércio ilegal de peças. A solução, que integra a tecnologia da “vacina contra roubo” utiliza identificação por código, QRCode e nanopartículas distribuídas em diversos locais do caminhão, permitindo identificar de forma indelével cada parte e peça de um veículo, incluindo os implementos, algo incomum no mercado.
Cada veículo e peça são registrados no SINID, comprovando a origem e propriedade de cada item em blockchain. Um aplicativo contém informações do proprietário, o status do item (legal ou roubado), registros de acoplamento de implementos e dados de contato com o gestor, contribuindo com as forças policiais para a consulta de dados em segundos.
Para Eduardo Rebuzzi, presidente da NTC&Logística, a identificação é chave: “se toda carga e todo veículo pudesse ser identificado, nós teríamos melhores resultados de recuperação de cargas e redução de roubos”. Ele também destacou que a identificação visível inibe o crime, pois o criminoso sabe que terá maior dificuldade de escoar o produto do roubo.
Entretanto, Carlos Panzan, presidente da FETCESP, levantou a questão do custo-benefício: “O transportador precisa analisar a relação custo x benefício porque o custo do transporte está cada vez mais alto, e os investimentos em segurança estão ainda maiores”.
Rodrigues reforçou a necessidade de uma ação coordenada para o combate não somente ao roubo de cargas, mas também à receptação. E, Panzan foi categórico ao afirmar que “temos que punir os receptadores de cargas roubadas de forma firme e exemplar”.
O presidente do SETCESP lembrou que desde 2014 existe uma lei em São Paulo para combater a receptação de mercadorias oriundas de roubo de carga (Lei Estadual nº 15.315/2014), mas que até hoje não foi regulamentada e fez um apelo para que as autoridades acelerem a implementação efetiva das punições previstas na legislação, pois “nós estamos enxugando gelo”.
O Cel Cássio Araújo de Freitas, chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, enfatizou o posicionamento das lideranças do TRC. “Precisamos investir pesadamente no combate da receptação, pois um veículo roubado rende 3x mais o seu valor quando é desmontado e comercializado ilegalmente”. Ele também ressaltou a importância de conscientizar a população para não comprar de produtos com preço muito abaixo do mercado, o que é um indício de ilegalidade.
Freitas ainda observou que, embora o roubo de cargas seja associado às malhas estaduais ou federais, o perímetro urbano é o destino de quase todos os objetos frutos destes delitos e destacou que São Paulo tem as maiores taxas de queda no roubo de carga do Brasil, mas que os números ainda são altos pela grandiosidade da cidade.
O Coronel informou que o Governo do Estado de São Paulo tem colocado marcadores e leitores em toda a malha rodoviária e que o georreferenciamento no sistema de identificação da vacina facilitaria a localização e a recuperação de peças roubadas.
O Inspetor Jair Jorge Melanda Júnior, da Guarda Civil Metropolitana, citou que a GCM já fiscaliza licenças de funcionamento e a operação de desmanches e ferros-velhos para coibir o comércio ilegal. E que a cidade de São Paulo possui mais de 40 mil câmeras que fazem a leitura de placas e identificação facial, as quais poderiam ser usadas para cruzar informações com o sistema de identificação, auxiliando assim no combate ao roubo de cargas.
Waldomiro Milanesi, assessor de segurança do SETCESP, apontou o desafio da falta de integração nacional de dados. “Somente em 12 estados do Brasil temos o Boletim de Ocorrência Único”, o que impede o compartilhamento efetivo de informações para ampliar o combate ao roubo de carga em nível nacional de forma mais estratégica e rápida.
Marcelo Rodrigues encerrou o debate com a convicção de que o Fórum foi um importante momento para reacender as questões sobre o combate não somente ao roubo de veículos de carga, mas também sobre a receptação. “A rastreabilidade é o caminho para a segurança e demos um passo importante com o lançamento do SINID.”
Para conhecer o Sistema Nacional de Identificação e Rastreabilidade, acesse sinid.com.br.
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