O tráfego intermunicipal de veículos nas rodovias de São Paulo cresceu 20% desde 2005, para 1,8 milhão de viagens por dia, segundo levantamento “Matrizes Origem-Destino”, conduzido pela Secretaria Estadual de Logística e Transportes (SLT). De acordo com o secretário João Octaviano Machado Neto, as concessões contribuíram para melhorar a qualidade das estradas e, consequentemente, aumentar o fluxo de veículos. Embora o Estado já tenha concedido a maior parte da sua malha rodoviária, ele ainda vê espaço para mais leilões.
”Esse levantamento mostra que há atratividade nas rodovias do Estado para a iniciativa privada, e estudamos como trabalhar essa atratividade”, afirmou Machado Neto. “Ainda existe espaço para novas concessões em São Paulo, a malha é muito interessante e tem bons ativos.”
O levantamento foi viabilizado por meio de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e executado pela Atech, empresa de big data do grupo Embraer. A nova matriz origem-destino foi atualizada a partir do processamento de 3 bilhões de registros de telefonia celular, que resultaram em uma amostragem de 40% dos veículos que trafegam nas rodovias do Estado no período de março de 2019 a fevereiro de 2020, para evitar distorções da pandemia. O último estudo do gênero em São Paulo ocorreu em 2005, quando foi feito com 130 mil entrevistas com motoristas de automóveis e caminhões, em 128 pontos da malha do Estado.
”Cada vez que um motorista sai de uma cidade com o celular, mapeamos a viagem pela triangulação de antenas”, diz o assessor de planejamento de transporte da SLT, André Nozawa.
Para garantir anonimato dos proprietários da linha telefônica, só são considerados dados de pelo menos cinco pessoas que tiveram a mesma origem/destino por dia – abaixo desse número, as informações são descartadas.
A cada dia, são 1,3 milhão de viagens de automóveis
Pelo levantamento, são realizadas diariamente 1,3 milhão de viagens rodoviárias intermunicipais de automóveis no Estado, 360 mil de caminhões leves e 200 mil de caminhões pesados. O rastreamento por celular permitiu a estimativa em finais de semana, quando o total de viagens de automóveis cai para 1,1 milhão por dia. Segundo a secretaria, parcela considerável dos motoristas que utiliza as rodovias tem como objetivo da viagem trabalho, negócios ou educação.
Já as viagens diárias de caminhões leves e pesados caem para uma média de 220 mil nos fins de semana e feriados. Conforme a pasta, essa queda mais acentuada se explica pela redução do movimento de caminhões leves que geralmente realizam entregas de suprimento ao varejo em dias úteis. Do total de viagens rodoviárias realizadas no Estado, 46% têm como destino ou origem a Região Metropolitana de São Paulo, o que indica a concentração econômica dessa região, que responde por metade do PIB do estado.
Segundo João Octaviano Machado Neto, a ideia é compartilhar os dados com as concessionárias para a melhor visualização do fluxo das rodovias, com os pontos de grande adensamento de veículos em determinados horários. “Com planejamento, as concessionárias conseguem atuar com mais assertividade”, diz.
Dados podem auxiliar no planejamento de novas concessões
Para ele, os dados auxiliam também no planejamento de novas concessões. “Sabendo a origem e destino dos veículos, entendemos qual a melhor forma de planejar o que pode ser concedido”, afirma. Segundo a secretaria, o estudo pode ajudar o governo a projetar uma linha de trem de passageiros, por exemplo, uma vez que as matrizes origem-destino são fundamentais para estimar a demanda captada pela nova linha, indicando se há viabilidade econômico-financeira. Num segundo momento, pode indicar se a linha teria atratividade para uma concessão ou Parceria Público-Privada (PPP).
A pasta está iniciando a transição para a gestão do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Vamos discutir aspectos da pasta e iniciar uma boa pauta”, acrescenta Machado Neto.
Segundo o atual secretário, nos próximos anos haverá o encerramento dos contratos de concessões iniciadas em meados do início de 2000, o que abre espaço para novos leilões. “Tenho certeza que há espaço para as concessões continuarem no Estado. Acredito que teremos novas rodadas e a necessidade de relicitar contratos que vão vencer”, afirma.
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