São Paulo aposta em Plano Diretor para reduzir trânsito sem restringir carros
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16 de Maio de 2013 – 10h00 horas / Último Segundo
A Prefeitura de São Paulo aposta suas fichas na revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) da capital paulista para reduzir o trânsito da cidade sem precisar restringir mais a circulação dos automóveis na regiões centrais, como ocorre desde 1997 com o rodízio de veículos. Assim também não precisa contrariar a política de incentivo industrial do governo federal, responsável pelo aumento da comercialização de carro de passeio – eleito o grande vilão do trânsito na capital.
A estratégia da prefeitura é viabilizar uma das principais promessa eleitoral do então candidato Fernando Haddad (PT) por meio do Plano Diretor: o Arco do Futuro, cujo objetivo é reduzir a circulação de veículos no centro expandido, urbanizando e levando emprego à periferia, onde já mora a maior parte da população paulistana.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mais de 3,8 milhões de carros novos saíram das lojas em todo o Brasil no ano passado, crescimento de 4,6% em relação a 2011. As razões, revela o estudo, foram o aumento do crédito ao consumidor e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Plano Diretor de São Paulo
“Existe essa contradição entre a política federal, que incentiva a venda de veículos, e a necessidade de reduzir o fluxo de carros em favor do transporte coletivo nas cidades”, admitiu o diretor de urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Kazuo Nakano, durante discussão sobre PDE e mobilidade urbana na semana passada (7).
“A política de automóveis é uma e a dos municípios é outra. É preciso se adequar”, concorda a urbanista Lucila Lacret, do Movimento Defenda São Paulo. “Não adianta restringir os carros se não é oferecido mais oferta de transporte público. Aí é penalizar duas vezes.”
Antes de adotar medidas impopulares, como aumento do rodízio ou a implantação de pedágio urbano, a prefeitura aposta no Arco do Futuro, que pretende atrair empresas ao longo das marginais dos rios Pinheiros e Tietê e pelas extensões de suas principais ligações: as avenidas Jacu-Pêssego, na zona leste, e Cupecê, na zona sul – que formam um arco dentro da cidade capital paulista.
De acordo com o urbanista e vereador Nabil Bonduki (PT), “o arco já desenhado no Plano Diretor de 2002, e na revisão deste ano vai ficar mais explícito”. “O Plano atual já indica tanto as centralidades como as zonas da reestruturação. A ideia é reestruturar a cidade a partir da ideia do Arco, que conecta os subcentros da cidade.”
Ele explica que a Jacú-Pessego e Cupecê precisarão ser “requalificadas” por meio de intervenções previstas no Plano Diretor e por uma lei específica que conceda incentivos fiscais às empresas que levarem suas unidades a essas regiões. A promessa é derrubar para até 2% o Imposto Sobre Serviços (ISS) e zerar o IPTU.
“Não se trata apenas de transporte em si mesmo, mas de sua articulação com outras necessidades do município”, afirmou Nakano. “Sessenta e cinco por cento dos empregos na área de serviços vão do centro histórico ao setor de escritórios na zona sul, gerando congestionamento nessas regiões“, afirmou.
Segundo o diretor de urbanismo, 2,5 milhões de pessoas saem da periferia em direção a essas regiões todos os dias “sobrecarregando o sistema de transporte”.
Corredores urbanísticos
Sem citar o nome do antigo prefeito, Nakano responsabilizou a gestão de Gilberto Kassab (PSD) pelo aumento do trânsito na cidade nos últimos anos. Ele explicou que o Bilhete Único aumentou o número de passageiros, mas a construção de corredores de ônibus não avançou.
“Foram 71 quilômetros construídos entre 2003 e 2004 [último ano do governo Marta Suplicy]. Nenhum construído entre 2010 e 2012.” Haddad promete construir 150 quilômetros até o final de sua gestão.
O diretor disse, no entanto, que as regiões que serão reestruturadas receberão “corredores urbanísticos”, projetados de acordo com os novos empreendimentos. “São corredores que recebem tratamento paisagístico e funcional, não apenas uma cicatriz onde os ônibus circulam. Eles recebem áreas de lazer em seu entorno para valorizar a cidade”, explica Lucila.
A urbanista acredita que o Plano Diretor terá de ser muito claro para que Arco do Futuro saia do papel porque “não basta trazer emprego sem que exista estrutura para receber as empresas”.
“Toda a estrutura viária da zona leste é deficiente. O viário é estreito, não tem acesso a todos os lugares. Sem acessibilidade, empresas e fornecedores não vão para a periferia. A prefeitura precisa explicar melhor como vai tirar esse projeto do papel.”

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