Será difícil ter PIB acima de 2% em 2019
Compartilhe
15/02/2019 – 17:25 / DCI

O Brasil terá que conviver com mais um ano de crescimento baixo, no qual dificilmente o Produto Interno Bruto (PIB) consiga deslanchar para cima de 2%.

É o que avalia o presidente do conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP), Carlos Alberto Bifulco. Segundo ele, o PIB deve avançar entre 1,5% a 2,0% este ano.

O cenário de restrição fiscal é um dos limitadores da expansão econômica. “O discurso do governo [do presidente Jair] Bolsonaro é um discurso de recessão, de limitação de investimento [público] e de cobrança de responsabilidade fiscal”, diz Bifulco.

O setor público tem um peso de 20% no PIB. Segundo o especialista, para crescer acima de 2% em 2019, o Banco Central (BC) teria que reduzir mais a taxa básica de juros da economia (Selic) que, atualmente, encontra-se em 6,50% ao ano.

Mais importante ainda seria o governo cobrar que os bancos praticassem juros mais baixos. “Eu, pessoalmente, acredito que nós nunca tivemos uma taxa de juro primária tão baixa como hoje. E é estranho que os bancos tenham taxas tão altas. Essa é uma discussão que ninguém faz”, completa Bifulco, criticando o oligopólio dos bancos no País.

Como não há perspectiva de que as instituições diminuam as suas taxas de juros e nem mesmo que o BC corte mais a Selic – o mercado prevê manutenção da taxa em 6,5% em 2019 – o caminho será apostar no crescimento econômico de médio e longo prazo.

Para Bifulco, se o governo conseguir aprovar uma reforma da Previdência Social, é possível que o País volte a ter uma expansão de 3% do PIB a partir de 2020, já que a medida tende a estimular uma retomada mais forte dos investimentos. Ele acredita que a continuidade de uma postura de maior restrição fiscal, como foi a marca do governo do ex-presidente Michel Temer, é o melhor a se fazer neste momento, apesar da impopularidade política que isso traz.

Para Bifulco, mudanças estruturais é o que trará crescimento de longo prazo. Contudo, ele critica a aposta excessiva na reforma. “O mercado sempre elege uma pauta. Agora ele elegeu a reforma da Previdência. Mas não é só isso que irá mudar o Brasil”, diz. “

Creio que o Congresso deve aprovar uma reforma média e, com isso, o pessoal deve abrir os olhos e ver que tem muito mais medidas para fazer o Brasil crescer”, acrescenta. Para Bifulco, é preciso avançar na agenda de produtividade, de qualificação de mão de obra especializada e de facilitação do investimento estrangeiro na indústria de ponta.

Premiação

Bifulco divulgou também que as inscrições para o Prêmio Golden Tombstone 2019 já estão abertas e vão até o dia 29 de março. Lançado pelo IBEF-SP, o prêmio foi instituído para incentivar o mercado, dando exposição às operações de captação de recursos nas empresas que se destacarem pela capacidade de inovação. O prêmio irá mencionar ainda os assessores e advisors participantes, que também podem inscrever suas operações.

No ano passado, 35 operações inscritas totalizaram negócios de R$ 143 bilhões, envolvendo mais de 100 entidades. A Comissão Julgadora do Prêmio, responsável por avaliar as operações, é formada por grandes nomes do mercado e da academia.


voltar