Não havia o que comemorar em agosto de 2018. Naquele mês, o IBGE revisou para baixo a previsão do PIB. O diagnóstico era que a greve dos caminhoneiros, em maio, havia paralisado a atividade econômica e o país sentiria os efeitos por muito tempo ainda. O ano estava liquidado, disseram os analistas mais severos.
Seis meses depois, o céu desanuviou. Após 4 anos de crise, há sinais de recuperação no ar. A inflação tem viés de queda. A taxa básica de juros se estabilizou. O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, acaba de alcançar seu patamar recorde. A população elegeu o presidente Jair Bolsonaro com esperança de renovação política. Tudo isso contribuiu para abrir o apetite do setor produtivo.
O momento de otimismo foi flagrado em detalhes pela Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2018, da CNT (Confederação Nacional do Transporte). Em sua 10ª edição, o estudo ouviu 776 empresas, entre representantes dos modais rodoviário (de cargas e passageiros), transporte urbano de passageiros por ônibus, metroferroviário de passageiros, ferroviário de cargas, aquaviário e aéreo.
Os dados confirmam um 2018 de avanços modestos e a persistência de problemas graves, como roubo de cargas e baixa qualidade das rodovias. A novidade é o alinhamento em torno de um projeto de desenvolvimento. Por exemplo, 85,2% dos transportadores sondados creem que o novo governo será capaz de solucionar os problemas de infraestrutura no país. Existe vontade de dar certo. Cabe agora ao Executivo acertar o passo.
“Os empresários do setor querem ampliar suas frotas e aumentar o ritmo das suas atividades. A proposta de um mercado mais aberto, aliada à intensificação do programa de concessões e à continuidade de reformas estruturantes, poderá munir o país das condições necessárias para a melhoria da infraestrutura de transporte”, aponta Clésio Andrade, presidente da CNT. “É inegável que temos um enorme potencial, mas precisamos de ações que transmitam segurança, com um marco regulatório adequado e um ambiente de negócios amigável”, assevera.
“Janeiro de 2019 já nos deu um start de mais movimentação de carga do que o ano passado – um aumento de 21%”, declara Urubatan Helou. O presidente da Braspress está atento aos sinais e vê com naturalidade o reposicionamento do mercado. “O otimismo não é fruto do acaso. Só a mudança de conceito ideológico já atraiu forças positivas. Percebe-se uma movimentação no exterior, querendo trazer investimentos para o Brasil. Economia não é uma ciência exata, envolve expectativa”, analisa.
Otimismo em números
– 76,6% dos entrevistados esperam um PIB maior em 2019;
– 46,4% creem que a inflação será menor;
– 48,5% preveem queda da taxa de juros;
– 41,8% apostam na redução da carga tributária;
– 45% esperam uma taxa de juros menor.
*Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2018.
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