
Estudo global com 38 mil profissionais indica que a empolgação não elimina o medo de perder o emprego para a tecnologia, sensação apontada por 10% dos brasileiros
Os brasileiros são os mais otimistas, entre os profissionais da América Latina, em relação ao impacto da inteligência artificial (IA) no ambiente de trabalho.
A conclusão é de uma pesquisa realizada pelo ADP Research, centro de pesquisa da ADP, multinacional de soluções de RH. O levantamento, adiantado para o Valor, foi feito entre julho e agosto de 2025 com 38 mil trabalhadores em todo o mundo, sendo 5.860 (15,4%) na América Latina e 1.127 (2,9%) no Brasil. Entre os brasileiros, 32% ocupam cadeiras na alta liderança.
“Um em cada quatro brasileiros [26%] acredita que a IA terá um efeito positivo em suas tarefas, enquanto a média regional é de um a cada cinco [19%]”, compara Mariane Guerra, vice-presidente Latam da ADP. “Esse otimismo, entretanto, não elimina o medo, pois 10% dos entrevistados dizem nutrir uma ‘preocupação’ em relação à possível substituição do seu trabalho, pela tecnologia.”
Entre os que temem ser substituídos no Brasil, 30% estão procurando outroemprego “ativamente”. O índice cai pela metade (16%) entre os que não demonstram receio associado à empregabilidade.
“Esses dados permitem às companhias entenderem melhor as tendências de rotatividade, à medida que os planos de transformação tecnológica avançam”, diz. “É um insight valioso para planos de ‘change management’ [gestão de mudanças] e ações de retenção.”
Empolgação por idade
O mapeamento sinaliza diferenças geracionais em relação à chegada da IA nas organizações. Segundo o relatório, os talentos mais jovens são os mais animados com os benefícios da tecnologia: 30% dos profissionais de 18 a 26 anos acreditam que ela terá impacto positivo no trabalho, parcela que cai para 28% na faixa de 27 a 39 anos, vai até 23% entre funcionários de 40 a 54 anos, e desce para 20% entre os empregados com mais de 55 anos.
Entre os setores mais confiantes com a novidade, na América Latina, estão tecnologia (26,35%) e finanças (23,2%), que também apresentam“ altos índices de medo” diante da substituição nos empregos, assinala o documento, com 13% e 23,7%, respectivamente.
“O que reforça que a empolgação com o potencial da IA e o receio do seu impacto coexistem”, afirma Guerra. Nessa linha, as empresas precisam investir em gestão e comunicação para apoiar processos e não perder talentos, continua. “Devem comunicar com clareza como a tecnologia será integrada ao dia a dia e oferecer treinamentos para os profissionais.”
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