O colunista Sergio Chaia apresenta 5 práticas para manter-se relevante em um mundo que muda a todo momento.
Este mês estive no Vale do Silício acompanhando executivos da Único Skill em uma imersão por empresas icônicas de tecnologia. A missão era clara: entender como o capital humano continua a gerar valor em um cenário dominado pela avalanche da inteligência artificial.
E, felizmente, a conclusão foi otimista: talento ainda importa — e muito. Seja para extrair ganhos de eficiência ou criar novas avenidas de receita, são as pessoas que alimentam, otimizam e dão sentido à tecnologia.
Mas o verdadeiro “choque de realidade” veio durante uma masterclass com o professor Robert Siegel, da Stanford University. Ele nos apresentou o conceito de líder sistêmico, aquele que enxerga a interconexão entre pessoas, tecnologia, propósito e contexto, e atua exatamente na intersecção dessas forças.
Segundo Siegel, o líder do futuro (e do presente) gera o ambiente, pensa como um gestor de produto e não teme a disrupção.
E então, veio a provocação que silenciou a sala:
“Se estivesse contratando para a sua posição, você se contrataria?”
Silêncio. Olhares cruzados. E um desconforto quase palpável.
No caminho para São Francisco, esse foi o grande assunto do ônibus. E confesso: a pergunta continuou ecoando em mim. Dias depois, decidi fazer um checklist pessoal: um inventário de atitudes que garantiriam que minha resposta fosse mais positiva .
Aqui estão as cinco que mais me marcaram:
- Mantenha sempre uma postura de aprendiz
O mantra do lifelong learning nunca foi tão verdadeiro. Em tempos de mudança constante e ambiguidade, aprender virou uma obsessão saudável.
Cursos, livros, pares, mentores — e, principalmente, pessoas diferentes de nós — são fontes riquíssimas de evolução. Ter curiosidade por realidades diversas amplia repertório e multiplica insights.
- Troque o microgerenciamento pelo microfeedback
Muitos líderes seduzem talentos com grandes promessas, mas acabam sufocando sua autonomia. E nada destrói potencial mais rápido que o controle excessivo.
Talentos querem liberdade com direção, não vigilância. Querem orientação e feedback contínuo, não avaliações tardias.
Por isso, pratique o microfeedback: pequenas conversas, em tempo real, que ajustam a rota e valorizam o progresso.
- Construa confiança dando a real
Admitir o que não sabemos não é fraqueza, é sinal de evolução. O mundo avança mais rápido do que nossa capacidade de dominar tudo.
Ser transparente, vulnerável e sem agendas ocultas gera conexão, e conexão gera confiança. Não tenha agendas paralelas, nem jogue perfume nos temas críticos. Assim, você aumenta a chance de todos se sentirem parte da jornada. No tenha agenda paralela nem jogue perfume nos temas críticos. Assim você aumenta a chance de todos se sentirem parte da jornada.
Além disso, jamais subestime a inteligência do seu time (nem a do seu chefe). Falar a real é o caminho mais curto para resultados consistentes.
- Observe onde está gastando o seu tempo
Muitos líderes experientes confundem sua agenda com a agenda do time, e acabam colocando energia onde não importa.
Sempre proponho a meus coachees um exercício simples: comparar as sua prioridades a alocação de tempo nelas nos últimos três meses. O resultado é quase sempre o mesmo: 90% percebem que estão dedicando tempo ao que não move o ponteiro.
Faça esse inventário. Você pode se surpreender com o quanto sua energia está sendo desperdiçada.
- Equilibre “amor” e “desconforto”
Aprendi essa ideia com um empreendedor que admiro. Ele dizia que liderar é equilibrar reconhecimento e provocação.
O livro “O Algoritmo da Vitória”, de José Salibi Neto e Adriana Salles Gomes, mostra como técnicos campeões aplicam esse modelo: combinam apoio e celebração com desafios que tiram os atletas da zona de conforto.
O desconforto é o combustível do crescimento. Quase sempre é dolorido, mas compensa. Já conforto demais paralisa — é só lembrar da sensação de se afundar em uma poltrona vip de cinema para entender.
A arte da liderança está em saber quando usar o amor e quando provocar o desconforto. Refletir em como usar cada um dos lados na hora certa é fundamental.
Fazer essa checagem pessoal — se você ainda se contrataria hoje — é um atalho poderoso para continuar competitivo e relevante. Mas penso que relevância não é uma conquista. É uma decisão diária de aprender, ouvir, ajustar, se provocar e ousar.
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