Entre os 25 maiores PIBs do país, 11 eram de capitais estaduais em 2023; PIB per capita é puxado por atividades ligados ao setor de petróleo
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília se mantiveram como os três principais PIBs municipais do país em 2023. Os dados da pesquisa “PIB dos Municípios 2022-2023”, divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que as três cidades responderam juntas por 16,8% do Produto Interno Bruto brasileiro em 2023.
O resultado mostra queda frente aos 22,6% que as três cidades tinham de participação no PIB do país em 2002, início da série histórica. São Paulo respondia por 12,7% do PIB do país em 2002 e passou para 9,7% em 2023, enquanto o Rio caiu de 6,3% para 3,8% no mesmo período. O Distrito Federal passou de 3,6% para 3,3%.
As lista dos 25 maiores PIBs municipais em 2023 era composta por 11 capitais. As demais 14 cidades da lista eram todas da Região Sudeste, sendo nove municípios paulistas, quatro do Rio de Janeiro e um de Minas Gerais.
Os 25 maiores PIBs municipais do país em 2023 respondiam por 34,2% do total do país, enquanto os 70 maiores respondiam por 47,5% e os 100 maiores, por 52,9%.
Apesar de ainda concentrado em torno das 27 capitais estaduais, o PIB brasileiro vem reduzindo essa primazia das capitais. Em 2002, essas 27 cidades respondiam por 36,1% do PIB nacional, patamar que caiu a 29,7% em 2020 e para 27,5% em 2022. Em 2023 houve uma leve alta, para 28,3%.
“O resultado retrata uma realidade nacional de PIB que é bastante concentradora. Mas há um processo de desconcentração”, afirma Luiz Antônio Nascimento, analista do IBGE.
Ele explica que a queda mais pronunciada entre 2020 e 2022 foi causada principalmente pela pandemia, uma vez que as restrições de mobilidade afetaram sobretudo o setor de serviços. Com isso, o efeito foi mais intenso sobre as economias maiores, notadamente das capitais, que tem o setor de serviços mais desenvolvido.
E esse movimento também explica parte do aumento da concentração entre 2022 e 2023, uma vez que houve a retomada mais acelerada dos serviços.
Alessandra Soares, gerente de contas regionais do IBGE, acrescenta que a queda da participação da exploração de petróleo no PIB nacional em 2023 também contribuiu para a perda de fôlego no processo de desconcentração do PIB municipal. Isso porque a exploração de petróleo acontece via de regra em municípios menores.
A pesquisa mostrou que, no grupo de cinco municípios com perdas mais intensas de participação no PIB nacional na passagem de 2022 para 2023, todos tinham a economia relacionada à exploração de petróleo: Maricá (RJ), com queda de 0,3 ponto percentual, seguido por Niterói (RJ) e Saquarema (RJ), com -0,2 p.p., cada. Ilhabela (SP) e Campos dos Goytacazes (RJ) completam a lista, ambos com -0,1 p.p.
A pesquisa mostrou ainda que em termos de concentração urbana, São Paulo, que reúne 37 municípios, passou de 15,8% para 16,2% de participação no PIB nacional entre 2022 e 2023. Já a concentração urbana do Rio de Janeiro, que soma 21 municípios, foi a que mais perdeu espaço, com queda de 8,7% para 8%. Segundo Nascimento, do IBGE, a queda aconteceu porque alguns municípios da concentração urbana fluminense tem peso relevante da indústria de petróleo.
PIB per capita
Em termos de PIB per capita, a liderança no país ficou com Saquarema (RJ), com R$ 722,4 mil por habitante em 2023, seguido por São Francisco do Conde (BA), com R$ 684,3 mil em 2023, e Maricá (RJ), com R$ 679,7 mil por habitante.
Os seis maiores PIBs per capita municipais estavam, em 2023, vinculados à atividade de petróleo, seja a exploração ou o refino.
Entre as capitais, o maior PIB per capita foi de Brasília, com R$ 129,8 mil, que é 2,41 vezes maior que a média nacional, de R$ 53,9 mil.
O menor PIB per capita do país foi do município pernambucano de Manari, com R$ 7.201,70. Quatro dos cinco menores estavam no Maranhão: Nina Rodrigues (MA), com R$ 7.701,32; Matões do Norte (MA), com R$ 7.722,89; Cajapió (MA), com R$ 8.079,74; e São João Batista (MA), com R$ 8.246,12.
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