Mudanças se devem a revisões na série e efeito do Imposto de Renda
O Banco Central (BC) elevou sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 para 2,3%, de 2%, principalmente por causa das revisões nos dados do primeiro semestre por parte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção para 2026 foi ajustada para 1,6%, de 1,5%, mantendo a perspectiva de crescimento moderado ao longo do ano. As informações constam do Relatório de Política Monetária (RPM) do BC de dezembro.
A nova projeção para 2025 contou ainda com o resultado do terceiro trimestre ligeiramente acima do esperado e com uma reavaliação do desempenho esperado para o quarto trimestre, considerando os indicadores disponíveis até a data de corte do relatório.
A revisão do IBGE foi particularmente relevante para a atualização da projeção da agropecuária, segundo o BC. Para a indústria e o setor de serviços, diz, o impacto agregado das revisões das séries foi pequeno, embora significativo em alguns segmentos específicos. Pela ótica da demanda, a revisão afetou principalmente a estimativa para o consumo do governo, afirma o BC.
Sob a ótica da oferta, houve alta nas projeções para agropecuária (para 11%, de 9%) e indústria (para 1,6%, de 1%), acompanhada de leve redução na estimativa para o setor de serviços (para 1,7%, de 1,8%). “A projeção para os setores menos cíclicos foi elevada, refletindo, principalmente, revisões altistas na agropecuária e na indústria extrativa, parcialmente compensadas pela redução na previsão para serviços de intermediação financeira. A previsão para os setores mais cíclicos também avançou, com aumento nas estimativas para construção, indústria de transformação e algumas atividades mais cíclicas do setor de serviços”, diz o BC no relatório.
No âmbito da demanda interna, a projeção do BC para o crescimento do consumo das famílias recuou para 1,5%, de 1,8%. Em sentido oposto, as estimativas para o consumo do governo e para a formação bruta de capital fixo (FBCF), medida para os investimentos no PIB, foram elevadas, para 2%, de 0,5%, e para 3,8%, de 3,3%, respectivamente.
“Essas revisões foram bastante influenciadas por surpresas nos resultados do terceiro trimestre — baixa para o consumo das famílias e alta para o consumo do governo e para a FBCF. No caso do consumo do governo, a estimativa de crescimento foi ainda afetada pela revisão da série, que elevou o resultado no primeiro semestre”, afirma o BC.
No setor externo, a projeção para as exportações foi elevada para 4%, de 3%, enquanto a estimativa para as importações passou para 5%, de 4,5%.
Assim, as contribuições da demanda interna e do setor externo para a evolução do PIB em 2025 são estimadas pelo BC em 2,4 ponto percentual (p.p.) e -0,1 ponto, respectivamente.
Próximo ano
No caso da projeção para 2026, a revisão foi influenciada, segundo o BC, pela maior “herança estatística” decorrente do crescimento mais alto de 2025 e pela inclusão de estimativas preliminares para os efeitos da isenção ou desconto no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para as primeiras faixas de renda.
Em contrapartida, diz, revisões negativas para agropecuária e indústria extrativa, devido às primeiras projeções da safra e às perspectivas menos favoráveis para minério de ferro, limitaram a alta para 2026.
“Entre os fatores que influenciam esse cenário estão a expectativa de manutenção da política monetária em campo restritivo, o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso agropecuário observado em 2025. A dinâmica projetada também incorpora os efeitos de medidas recentes com impacto potencial sobre a demanda, como a isenção ou desconto no IRPF para as faixas iniciais de renda”, afirma o BC.
Do lado da oferta, na indústria, a previsão de alta passou para 1,9%, de 1,4%, influenciada por altas nas perspectivas para a indústria de transformação e para a construção. Por outro lado, a expectativa para a indústria extrativa foi reduzida devido a perspectivas menos favoráveis para a produção de minério de ferro, diz o BC.
Nos serviços, a revisão foi pequena, para 1,6%, de 1,5%, mantendo-se a perspectiva de crescimento gradual ao longo do ano. Por fim, a projeção para agropecuária foi reduzida para 0,5%, de 1%, refletindo as primeiras previsões para a safra de 2026, segundo o BC.
Pelo lado da demanda, as previsões para o consumo das famílias, o consumo do governo e a FBCF foram ampliadas para 1,5%, 1,5% e 1%, respectivamente, ante 1,4%, 1% e 0,3%. “As revisões para o consumo do governo e a FBCF refletem, sobretudo, ajustes nas estimativas de crescimento desses componentes em 2025, que elevaram o carregamento estatístico. Já a leve alta na previsão para o consumo das famílias foi influenciada pelo impacto esperado de medidas aprovadas recentemente, especialmente a isenção ou desconto no IRPF para as faixas iniciais de renda”, diz o BC.
No setor externo, a previsão para as exportações foi reduzida para 2%, de 2,5%, refletindo, principalmente, diminuição nas projeções para a agropecuária e para a indústria extrativa, enquanto a estimativa de crescimento das importações permaneceu em 1%.
As contribuições das demandas interna e externa para o crescimento de 2026 são estimadas pelo BC em 1,4 ponto e 0,2 ponto percentual, respectivamente.
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