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27 de Julho de 2017 – 04h55 horas / Estradão

O caminhoneiro de um futuro próximo não será só um condutor, mas também um analista logístico.


Na data em que foi comemorado o Dia do Motorista, coube a reflexão a respeito do que a profissão poderá enfrentar daqui para frente, considerando a evolução dos veículos e, com ela, as transformações no ambiente de transporte.

 

Na busca por mais eficiência e segurança nas transferências de carga, o setor automotivo inova em soluções tecnológicas. Em pouco mais uma década, o caminhão, como ainda se conhece hoje, ficou mais econômico e menos poluente. Carregado de eletrônica se tornou amigável ao motorista. Os modelos mais novos, dentre diversos recursos, trocam sozinhos as marchas na hora certa, leem e memorizam a topografia da estrada, alertam os obstáculos à frente e freiam se necessário independente da ação do condutor. E não para por aí.

 

Os fabricantes já pavimentam caminho em direção ao caminhão autônomo, capaz de seguir viagem sem que o ser humano precise estar atrás do volante. É praticamente inevitável o questionamento a respeito do futuro do motorista em um cenário no qual ele aos poucos deixa de ter papel tão operacional na cabine do veículo.

 

Especialistas do setor apontam desafios imensos que acompanham passo a passo os desenvolvimentos da indústria. O motorista por um lado, cada vez menos solicitado na prática pura e simples de guiar. As fabricantes por outro, geradora de inovações e, assim, arquitetas de um novo ambiente de trabalho, e o governo, responsável pelas regulamentações e políticas educacionais à infraestrutura.

 

“A tecnologia vem reduzindo o risco para o caminheiro e para a carga. A vida a bordo do veículo tem mudado significativamente. Com mais facilidade para dirigir, o motorista chega ao fim do dia com menos fadiga”, observa Marcos Andrade, gerente de produtos de caminhões da Mercedes-Benz. “Sem tanta necessidade de intervir na condução surgem outras funções para desempenhar, como a de um analista de logística, por exemplo. ”

 

Não só Andrade, mas também a indústria de caminhão não enxerga o fim do motorista, mesmo no futuro, para quando se prepara a direção autônoma. Mas vislumbra um novo profissional. “Fica no passado a imagem daquele motorista de braço direito mais musculoso de tanto trabalho na alavanca de câmbio, as exigências agora são mais intelectuais”, afirma o gerente da Mercedes-Benz. “O caminhoneiro será mais um gestor de transporte, o representante comercial de uma empresa, ou da própria, presente na cabine do caminhão. ”

 

Andrade faz uma analogia do caminhoneiro com o piloto de avião, em que atualização e capacitação são fundamentais para o exercício da profissão. Lembra da realidade de aspectos sociais e econômicos revelados, por exemplo, na idade média da frota de caminhões circulante no Brasil, em torno de 18 anos. Mas também destaca o alto valor de uma composição veicular que também roda pelo país, podendo ultrapassar os R$ 2 milhões sem contar a carga. “A evolução dos sistemas de assistência para o motorista facilita a sua vida, mas exigem cada vez qualificação”, resume.

 

A conectividade é outro campo que moldará novas atribuições do motorista. Para além da exigência de uma Carteira de Habilitação, falta pouco para o motorista deixar de ser apenas um agente condutor da logística, para de fato assumir posto de execução. Andrade acredita na descentralização do transporte. “Se hoje o comando parte de uma central logística, como uma transportadora, amanhã o negócio poderá estar a cargo do motorista que busca fretes, agenda entregas e embarques e interage com todos os atores do setor. ”


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