Sobe e desce: o que acontece com os preços dos combustíveis?
Compartilhe

Por Raquel Serini

Confira o panorama atual e o que esperar do futuro

Até início de agosto deste ano, a Petrobras não enxergava uma tendência de queda nos preços de venda dos combustíveis para as distribuidoras, devido ao “stress” do mercado internacional, segundo avaliação do próprio porta-voz da empresa de capital misto, Claudio Mastella, diretor de Comercialização e Logística.

Os preços dispararam desde a Guerra na Ucrânia, porque os produtores e consumidores mundiais como, Estados Unidos, Índia, países do Oriente Médio e Europa, também estão com estoques baixos.

Hoje, de 25% a 30% do óleo diesel usado para abastecer o país é importado. Aumentar a produção nacional até poderia ajudar a baixar o preço, mas para isso dois movimentos seriam necessários: mudar, ou pelo menos relativizar, a política de paridade internacional e aumentar a capacidade de refino.

Só que em meados de setembro e início de outubro, houve uma queda do valor do petróleo no cenário internacional, isso por conta do reflexo de uma possível desaceleração do crescimento mundial, que contribuiu para a queda do preço da commodity. Além disso, no cenário nacional aconteceu a diminuição de impostos. As eleições ajudam a explicar diminuição do preço na bomba, uma vez que, os combustíveis eram um dos principais motores da inflação do país, isto há poucos meses da escolha de um novo presidente.

Análise da evolução de preços do diesel

Nos postos diretamente, a entrada em vigor da Lei Complementar 194, de 2022, que limita as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Produtos (ICMS) incidentes sobre itens considerados essenciais teve efeito rápido. No mesmo mês da sanção, julho, o preço do diesel comum, ainda muito consumido pela frota brasileira recuou -1,72%, já para o diesel S10 essa queda foi de -2,09%. Chegando a um preço médio de R$7,47 e R$ 7,57 por litro, respectivamente, na média nacional.

Desde então, o combustível vem apresentando um comportamento de queda para os meses subsequentes. Se compararmos agosto, setembro e outubro, vamos observar que o insumo está sendo comercializado em média a R$ 6,95 para diesel S10 e a R$ 6,84 para diesel S500, uma redução acumulada de -10,52% e -11,19% respectivamente.

Porém, após consecutivas quedas, o preço médio do litro do diesel, avançou para R$ 6,59 (comum) e R$ 6,72 (S10), entre 16 e 22 de outubro, uma alta de 1,10% para ambos os combustíveis. De acordo com o novo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o valor mais alto do combustível encontrado nos postos foi de R$ 8,52 na média nacional.

Em contrapartida, estudos recentes da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (ABICOM), informam que a defasagem média no preço do diesel está em 6%, e no da gasolina, 8%. Isso significa que os preços da Petrobras ainda estão mais baratos em relação aos praticados no exterior, o que nos traz um alerta.

Como fica daqui para frente?

O alívio deste ano, no entanto, pode ter fôlego curto: isso porque, caso não haja mudanças, a partir de janeiro os tributos federais voltam a incidir sobre os combustíveis, retomando o aperto no bolso dos motoristas.

Ainda, no caso do diesel, existe uma defasagem média de 12% em relação aos preços internacionais. O combustível sofre maior pressão pela chegada do inverno no hemisfério norte e a corrida da Europa para fazer estoques, ao mesmo tempo em que se aproxima a data de proibição de importações do combustível da Rússia.

Portanto, para voltar à paridade, o aumento médio do diesel “deveria” ser de R$ 0,70 por litro nas refinarias, não havendo condições da importação concorrer com os preços praticados pela Petrobras.

De qualquer forma, a expectativa é que o preço do litro dos combustíveis se estabilize – ou até continue caindo por mais algum tempo. O mundo ainda vive um período de inflação em alta, o que deve fazer com que bancos centrais das principais economias sigam elevando suas taxas de juros para deter a alta de preços. Esse movimento “esfria” a economia, e dificulta uma alta de preços das commodities.

Raquel Serini é economista do IPTC.


voltar