Saída do 2G e a chegada das tecnologias autossuficientes
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Quem entra em cena é a rede 5G que promete impactar diversos tipos de equipamentos, entre eles, o monitoramento e rastreamento de cargas

Há alguns meses o 5G já está funcionando no Brasil, mas ainda há um longo caminho pela frente, até que a internet ultra veloz seja acessível a todos e compatível com tudo. Até o fim do mês de setembro, 22 capitais do país ofereciam o serviço e cinco continuavam sem a tecnologia: Porto Velho, Rio Branco, Macapá, Manaus e Belém.

A nova rede, apresenta não somente maior rapidez na transmissão de dados, mas também a chamada “baixa latência”. Isso significa que o tempo entre um comando, sua transmissão e o seu resultado ficou ainda menor e mais estável, permitindo que as empresas reinventem os serviços ofertados por meio da tecnologia.

Vários setores da economia já estão sendo impactados, e com o transporte rodoviário de cargas não é diferente. André Rossetti, diretor de Gerenciamento de Risco no SETCESP, comenta que a 5G faz parte de uma evolução, da qual não haverá retrocesso. “Logo usufruiremos dessa nova realidade que conta com a futura massificação da conexão 5G SA – sigla para standalone, em português autossuficiente”.

Entretanto, Rossetti que também é CEO na RG Log, recomenda que os empresários do setor de transporte procurem conhecer um pouco mais sobre as tecnologias utilizadas no rastreador instalado em cada veículo de suas empresas.  

“Com a entrada do 5G o foco está no novo, isso é positivo. Só que mesmo que haja a manutenção do 2G, 3G e 4G, e portanto, a continuidade dessas redes, é preciso estar atento e saber com antecedência quando as tecnologias mais antigas atingirão seu tempo de obsolescência”, informa ele.

Rossetti conta que recentemente, foi realizada uma conversa sobre este tema entre os membros da diretoria de Gerenciamento de Risco do SETCESP, juntamente com a Gristec (Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento) e as empresas que fornecem soluções tecnológicas de rastreamento, com a finalidade de entender mais sobre as mudanças que acontecerão daqui em diante.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda não se posicionou sobre desligamentos de nenhuma outra rede com a entrada da 5G. Embora tenha circulado algumas notícias em veículos de imprensa, afirmando que as operadoras de telefonia estão planejando desligar a rede 2G aos poucos, o que tem deixado em alerta as transportadoras.

Mesmo que não esteja definido oficialmente a saída da 2G, o fato é que desativação da infraestrutura, tendo em vista a evolução tecnologia, pode ocorrer. Na prática isso seria a não atualização dos chips e equipamentos de antenas, porém a maior parte dos sistemas de rastreamento atuais rodam em 2G.

“Todas as empresas fornecedoras que compareceram à reunião; e foram as mais conhecidas no mercado, nos garantiram que as atualizações de seus equipamentos e sistemas estão ocorrendo dentro da normalidade. No entanto, é importante que nós, como empresários do setor, saibamos muito bem o que está acontecendo para poder solicitar de nossos fornecedores os avanços tecnológicos necessários”, aconselhou Rossetti.

Marcio Fabozi, CCO da Allcom Telecom, reforça que a migração do 2G para o 4G é uma decisão estratégica, técnica e comercial de cada operadora de telefonia, e que elas têm investido na modernização das redes há décadas, mas tecnologias modernas surgem com vantagens e desafios. “No mercado M2M (Machine to Machine), do qual o rastreamento, monitoramento, gestão de frotas estão inseridos, assim como meios de pagamentos e monitoramento de alarmes entre outros, há milhões de equipamentos trafegando dados em redes conectadas como 2G. Por isso acredito que para qualquer mudança haverá bom senso”, afirma.

Para ele, as redes 2G continuarão por um bom período, devido aos milhões de equipamentos conectados, mas sofrendo deterioração e cobertura menor. “Ações como reaproveitamento de frequências 2G no 4G já são praticadas para otimizar as redes disponíveis e, temos que ter em mente, que a rede 2G tem mais de 20 anos de existência. Devido a isso, não só há uma evolução tecnológica acontecendo, como também é cada vez mais difícil a manutenção da rede mais antiga por causa de equipamentos que já são ultrapassados. Dito isso, as redes 5G se tornam uma evolução natural”.

Esse mesmo ponto de vista é compartilhado por Anderson Bochoglonian, CEO da 3S Tecnologia, segundo ele o principal a reforçar é que nenhuma mudança ocorrerá de forma abrupta, deixando todos os usuários da rede 2G no escuro.

“Este processo demanda uma ação física nas antenas instaladas das operadoras onde são substituídos os equipamentos 2G por novos equipamentos. Será muito investimento por parte das operadoras e a rede 2G ainda gera muita receita. Por exemplo, ‘maquininhas’ de cartão de crédito espalhados pelo Brasil ainda estão conectadas nela. Por isso, acredito que a rede 2G irá perdurar por mais um bom tempo, mas com uma cobertura cada vez menor”.

Bochoglonian diz que a 3S Tecnologia vem estudando a situação, desde 2020, e está utilizando, nos veículos pesados, equipamentos 4G com fallback para 2G, ou seja, que consegue operar em duas redes. Assim também como vem fazendo a Cobli.

“Sem dúvida nós estamos nos antecipando”, fala Lucas Brunialti, CTO da Cobli. “Com dispositivos em quase todas as cidades do país, conseguimos ter grande visibilidade no monitoramento. E acompanhar de perto localidades e clientes para os quais a qualidade do serviço pode ser afetada pelo sinal”, disse.

Ainda para Brunialti, é importante que as operadoras, junto da Anatel, criem um cronograma de desligamento da rede 2G para dar segurança sobre o tempo de vida da tecnologia e para que não haja impactos nas operações que a utilizam. “Para evitar qualquer problema estamos investindo no que há de mais avançado em tecnologia para oferecer aos nossos clientes a melhor experiência”, diz.

O diretor de gerenciamento de risco no SETCESP lembra que a empresa fornecedora de rastreamento e monitoramento que trouxerem a melhor tecnologia com certeza será a pioneira e escolhida por grande parte das transportadoras. “Por isso é muito importante todos ficarem atentos com essas mudanças. A tecnologia é boa e todos temos responsabilidades em tornar isso vantajoso o quanto antes”, conclui Rossetti.


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