‘Diferenças entre o ideal e o real’
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Por Adriano Depentor, Presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP

Apesar de ser minha primeira negociação das Convenções Coletivas de Trabalho (CCTs) como presidente eleito do SETCESP com os sindicatos profissionais, para mim, a questão não foi nenhuma novidade.

Em gestões anteriores, aqui mesmo na casa, participei ativamente das negociações. De 2007 a 2012, atuei como diretor na entidade da COPERNET, que na época era a Comissão Permanente de Negociações e Relações Trabalhistas. Então, esse é um assunto que acompanho há um bom tempo.

Essa última CCT que realizamos, me deixou bastante contente ver a participação e engajamento dos nossos empresários, que auxiliaram ativamente na formulação das propostas. Vale lembrar que, tivemos uma Assembleia Geral Extraordinária cuja pauta foram as negociações salariais, no dia 27 de abril.

Todo este processo de negociação se inicia com os sindicatos profissionais, que entregam as suas pautas de reivindicação, que são analisadas pela diretoria e depois levadas ao plenário. Neste pleito, é concedido poderes ao presidente da entidade para levar adiante a negociação e também, é feita a formação de um comitê.

Após isso, o comitê se reúne e discute os termos em pauta e elabora também as pautas patronais. Na sequência, repassa os termos aos nossos negociadores. Este ano, tivemos como negociadores os dois assessores jurídicos do SETCESP, Dr. Adauto Bentivegna Filho e Dr. Narciso Figueirôa Jr. e também a nossa presidente executiva, Ana Carolina Jarrouge.

A partir daí, é feita a primeira rodada de negociação com os sindicatos laborais. Na prática apresentamos as contrapropostas, e então marcamos uma segunda rodada de negociação, até estabelecermos um acordo. No caso, para as CTT 2022-23 firmamos a negociação já na segunda rodada.

Do que ficou definido, acredito que dentro das possibilidades do mercado chegamos a um termo satisfatório, tanto para empresas, quanto para os colaboradores. Tivemos um reajuste nos salários e pisos salariais de 12,47%, índice que considerou a inflação no acumulado de um ano.

Sabemos que não é o mundo ideal, mas existe uma diferença grande entre o ideal e o real. E o real é aquilo que foi possível. Houve a consenso de ambos os lados. Fomos ao máximo daquilo que poderia ser concedido.

Os sindicatos profissionais entenderam o que era viável para o momento atual. Durante todo o processo, o que mais foi defendido, é a preservação dos empregos, além da recomposição do poder compra dos colaboradores, principalmente, referente ao valor da cesta básica. Observamos que os alimentos encareceram muito, e são um dos grandes vilões da inflação.

Evidentemente, tomamos decisões com muita cautela e fazemos a nossa lição de casa, que é a análise de mercado. A gente até avalia outros setores para ter uma noção e referência. Não nos baseamos exclusivamente em setores como indústria e comércio, porque o transporte possui cláusulas distintas.

Uma das coisas que mais importa é o que o trabalhador põe na mesa, em casa. E foi justamente, a alimentação foi item que mais corroeu o poder de compra. Por isso, para as diárias (almoço, jantar e pernoite) o reajuste foi maior, de 14%.

Para os próximos anos, particularmente, espero que a inflação dê uma arrefecida. Que venhamos atingir níveis mais suportáveis, tanto para organizações, quanto para os profissionais. Mais que estabilizar, eu creio numa possível queda.

A indústria já está voltando a produzir nos patamares de antes da pandemia e o consumo também deve voltar a aquecer. O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), em maio, tende a ser menor e o desemprego também recuou. Então, já não sei mais se é expectativa ou ansiedade, sei que eu espero pelo melhor.

Contudo, deixo aqui meu alerta aos empresários de que repassem ao mercado esse custo do aumento de salários.  Por que, se não cuidar da empresa, não vai adiantar cuidar da parte laboral. Os salários dependem da saúde financeira do negócio.

Nesses últimos tempos, acompanhamos a dificuldade de se repassar o aumento do diesel, que deveria ocorrer de forma automática. Portanto, chamo a atenção para que os gestores não deixem de recompor suas margens. Conversem com os embarcadores e expliquem as necessidades de vocês.

A economia é cíclica no mundo inteiro. As coisas devem voltar ao normal, e vem por aí produções e safras recordes, e lá na frente, se não forem os transportadores, não há como escoar mercadoria alguma.

Quanto aos profissionais do nosso setor, desejo que eles evoluam, cada vez mais. Posso dizer como presidente do SETCESP, que o setor tem feito de tudo para poder melhorar o nível de capacitação das pessoas.

Fica um conselho para todos os colaboradores: sejam empreendedores de si mesmo. Afinal é através do seu trabalho e da sua atividade, é que vem o seu sustento e de sua família. Se qualifiquem, produza para que o setor possa prosperar mais, e consequentemente, vocês também. Seja um gestor da sua vida, do seu trabalho e do seu empreendedorismo.

E para o que precisarem, contem com o SETCESP. Nossa equipe de colaboradores e toda a diretoria está aqui disponível para atendê-los, apresentando as melhores rotas, direcionando o caminho do transportador.


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