Cresce a quantidade de emissão de CT-e
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No entanto, isso pode não indicar um aumento do volume da demanda de cargas, e sim, ser um sinal de que está crescente a movimentação de mercadorias. Confira!

Quem trabalha com gestão de transporte já está familiarizado com o CT-e, MDF-e, DACT-e, DAMDF-e, NF-e e outras siglas referentes a documentos digitais. Especialmente o CT-e, que é o Conhecimento de Transporte eletrônico, foi instituído em 2007 pelo Ajuste Sinief 09, que determina regras para sua emissão e armazenamento eletrônico.

Ao deixar de gerar esse documento obrigatório, a transportadora pode receber multas e até mesmo, ter a mercadoria apreendida em postos fiscais, já que a circulação em território nacional sem ele é proibida.

A equipe do IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga) acompanha os dados disponibilizados pela Secretaria da Fazenda sobre a quantidade de emissão de Conhecimento de Transporte eletrônico e identificou uma crescente nos números a partir de dezembro de 2021, quando a média de emissões para o mês ficou em 5.500 bilhões. Já em junho deste ano, essa média saltou para 6.200 bilhões. Enquanto isso, o número de emissores (ou seja, quem presta serviços de transporte), permaneceu quase que o mesmo durante todo o semestre, uma média de 100 mil.

Para o analista de dados do IPTC, Bruno Carvalho, os números podem indicar que a movimentação de cargas e mercadorias está maior. “O rodoviário, na imensa maioria das vezes, é sempre o responsável pelo transporte da primeira e última milha”, avaliou.

Neste mesmo sentido vão ao encontro os dados do relatório da Fretebras. De acordo com o estudo, o volume de fretes rodoviários no Brasil aumentou 36,8% na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Ao todo foram movimentados R$18 bilhões em fretes de janeiro a março de 2022.

Segundo o relatório, houveram diversos fatores que influenciaram o mercado de transporte, com destaque à guerra da Ucrânia. “Se por um lado, a alta do combustível impacta profundamente os custos do transporte, por outro lado, as commodities brasileiras ganharam ainda mais força no mercado internacional, e assim o agronegócio puxou a oferta de fretes no período”, afirma o estudo.

Entretanto, o vice-presidente do SETCESP, Marcelo Rodrigues, destaca um outro cenário propiciado durante a pandemia, o aumento das vendas no e-commerce. O segmento registrou um faturamento recorde em 2021, totalizando mais de R$ 161 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior. O número de pedidos aumentou 16,9%, com 353 milhões de entregas, de acordo com o levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro.

“O transporte mudou drasticamente por conta do crescimento das compras on-line”, informa Rodrigues ao explicar que isso fez com que ocorresse um fenômeno, “ao invés de termos  preponderantemente o frete levado por caminhões das fábrica ou Centro de Distribuição para as lojas, o que vem acontecendo é o escoamento das mercadorias em veículos de menor porte, direto para o consumidor, e com isso, a emissão de vários CT-es”, sinaliza.

Para Rodrigues, ainda que a média de números de CT-es emitidos tenha aumentado muito, e por consequência, a movimentação de cargas, o volume de carga em si, tanto em valores quanto em pesos transportados, pode não ter evoluído da mesma maneira se comparado  com a medição da evolução do PIB (Produto Interno Bruto).

Ele também chama atenção para o fato de que houve uma forte migração das cargas, que eram levadas pelos transportadores regulares para o que chama de ‘uberizadoras de cargas’, que descreve como a relação desencadeada pelos marketplaces que contratam veículos de passeio e até motocicletas não regularizadas, para o transporte e  dessa forma, realizam a emissão simplificada do CT-e, por meio de um regime especial  disponibilizado pelas  SEFAZ (Secretaria da Fazenda) dos estados.

Dentro dessas emissões simplificadas não estão contemplados uma série de documentações acessórias que as transportadoras regulamentadas são obrigadas a emitir, além de permitir a grande pulverização das entregas.

“Particularmente não sou contra essa pulverização e desburocratização que os marketplaces conseguiram. O que desejo é que haja uma isonomia entre o que se concede a eles e aquilo que as transportadoras são submetidas, para que possamos desfrutar dos mesmos benefícios, principalmente, com respeito a diminuição da papelada envolvida nos documentos eletrônicos”, espera o vice-presidente do SETCESP


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