A valorização da participação feminina no setor
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Por Ana Jarrouge

Surpreendente. Essa é a palavra com a qual eu defino como foi estar em uma das maiores Feiras de Negócios, que nessa edição teve um espaço dedicado para falar sobre as mulheres do transporte rodoviário de cargas.

O nível de engajamento das pessoas que por lá passaram deixou uma mensagem clara de que estamos no caminho certo, ao valorizar as mulheres que hoje já atuam no nosso setor em diversas funções ocupadas predominantemente por homens.

 Além disso, serviu para despertar a sociedade como um todo, mas especialmente as mulheres, que são o foco do nosso trabalho, o anseio de buscar no transporte rodoviário uma oportunidade profissional.

São inúmeras as histórias de superação, coragem, resiliência, que muitas mulheres vêm vivenciando e que servem de inspiração para outras. Deste modo, todo o tipo de movimento como o Vez e Voz, é de extrema importância, para justamente dar voz a essas pessoas que tem sonhos e não desistem deles, mesmo diante de inúmeras adversidades e desafios.

Por isso, temos o compromisso de ouvir e divulgar todas estas lindas e motivadoras trajetórias de sucesso, como forma de mostrar que tudo é possível quando se tem vontade, oportunidade e pessoas aliadas para ajudar no caminho.

E esse tem sido o papel do Movimento Vez e Voz: ser um interlocutor entre sociedade e empresa, para fomentar práticas inclusivas, de atração, retenção e desenvolvimento profissional das mulheres.

Destaco também a importância de termos o apoio e a parceria de entidades de classe, fornecedores e de empresas de transporte, que se tornam signatárias do Movimento e ajudam nos grupos de trabalho, para que nossos objetivos se tornem concretos.

E aqui faço, portanto, um agradecimento muito especial à nossa Associação Nacional, a NTC&Logística, signatária do Movimento e que nos concedeu um espaço dentro de seu stand na Fenatran, para que o Vez e Voz fosse conhecido. Foi uma clara demonstração de apoio, na qual somos muito gratos.

Além disso, também na Fenatran, pudemos participar de diversos convites de grandes empresas fornecedoras do transporte rodoviário de cargas para falar sobre os objetivos do Vez e Voz, o que, a cada dia, faz com que o Movimento ganhe corpo, apoiadores e alcance nosso público alvo.

Ressalto ainda, nossa participação no 1º Fórum das Mulheres no Transporte e Logística, que foi uma oportunidade incrível para, junto com demais Movimentos, como A Voz Delas e o Rota Feminina, conseguirmos mostrar um pouco do que cada um vem fazendo, gerando cada vez mais engajamento pela causa. A união neste ponto é fundamental para o sucesso de todos estes Movimentos. O público foi excelente, surpreendeu a organização e demonstrou que o assunto realmente é atual, urgente e necessário.

O Vez e Voz surgiu no meio de uma pandemia e, apesar da distância que nos foi imposta em nome da saúde pública, o transporte de cargas não parou. E nem poderia, visto que as mercadorias tinham que continuar chegando aos seus destinos e abastecer a população. E o SETCESP também não, em nenhum momento deixamos de dar suporte necessário aos nossos representados, e dentre essas necessidades, a de tratar sobre equidade, que sim, é um assunto urgente. Por essa razão que lançamos o Movimento mesmo estando fisicamente distante de todos, visto a relevância do tema para a sustentabilidade dos negócios e para que o nosso setor desses passos mais largos ou até iniciais rumo a equidade de gênero.

Tão importante quanto os equipamentos tecnológicos disponíveis ao nosso setor para trazer maior competitividade, produtividade e eficiência, é ter um time diverso e comprometido com os resultados e o crescimento das empresas.

Não será possível avançar, num mercado altamente volátil, sem que haja pessoas que tenham experiências, escolhas, atitudes, culturas, gênero, raças, etc., diferentes. O mundo percebeu que não há mais espaço para exclusão e se as empresas não entenderem isso, estarão, num curto espaço de tempo, fora do mercado, pela falta de capacidade de inovar. A diversidade não é uma onda, um modismo, é sim a garantia de perenização e do futuro.

Por todas essas razões, nosso Movimento se espalhou e ganhou adeptos e estamos firmes e atuantes através da Comissão Técnica que foi lançada no início deste ano e seu desdobramento em grupos de trabalho.

Grupos estes que, com muito carinho, cuidado e comprometimento, produziram o recém lançado Guia de Boas Práticas para ampliar a participação de mulheres nas transportadoras, o qual traz uma trilha de ideias e ações para as organizações terem um norte de como implantar ações de equidade de gênero.

Além disso, os grupos também produziram o Índice de Equidade, que, em parceria com o IPTC, irá, ao longo do tempo, monitorar o crescimento da participação das mulheres no nosso setor, com diversos desdobramentos.

Esse trabalho muito nos orgulha, pois é fruto de um esforço coletivo para alcançar um propósito comum. E olha que estamos somente começando. Ainda há muito a fazer, são muitas ideias e ações para colocarmos em prática nos próximos anos. Quem ganha? Todos.

Dar oportunidade é um passo grande para que as mulheres possam vislumbrar uma carreira profissional antes inimaginável, em funções que sempre foram exercidas e pensadas para os homens. Desperdiçar talentos é um erro. Todos podem sonhar, capacitar-se e exercer qualquer atividade, desde que haja oportunidade e intenção genuína de inclusão.

Ana Jarrouge é presidente executiva do SETCESP e idealizadora do movimento Vez e Voz


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