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18 de Junho de 2018 – 16h39 horas / Estadão

As vendas do varejo restrito registraram alta de 1% em abril, depois do avanço de 0,3% em março, divulgou na última quarta-feira (13), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Mensal de Comércio.

 

Na comparação com igual mês de 2017, contudo, houve uma desaceleração nítida em relação ao nível de março, que teve alta 6,5%. A atividade cresceu 0,6 % em abril nessa comparação. Com o resultado, o setor está há 13 meses em terreno positivo. No acumulado de 2018, as vendas têm alta de 3,4%, e 3,7% no acumulado dos últimos 12 meses.

 

De acordo com a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o comércio ainda não recuperou tudo que perdeu em 2015 e 2016. "Mesmo com a melhora observada nos meses de 2018, o comércio, na comparação ajustada sazonalmente, ainda se encontra 6% abaixo do ponto mais alto da série, que foi em outubro de 2014", explicou.

 

O resultado veio dentro do estimado pelos analistas. Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast , o intervalo ficava entre queda de 0,60% a expansão de 1,30%. A partir do intervalo de 28 expectativas, a mediana era de alta de 0,60%.

 

Na comparação anual, as previsões variavam de recuo de 4,40% a avanço de 5,70%, com mediana negativa de 0,50%.

 

A percepção dos economistas consultados na véspera da divulgação é de que, mesmo antes da greve dos caminhoneiros dificultar ou desestimular o consumo, o desempenho do varejo restrito não tinha fôlego.

 

Contudo, dizem, há uma explicação para a forte desaceleração esperada na comparação com o mesmo mês do ano passado: a Páscoa. A data comemorativa, que movimenta os supermercados, neste ano foi em março, enquanto em 2017 foi em abril.

 

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as vendas nos supermercados caíram 5,84% em abril ante igual mês de 2017, quando já descontada a inflação.

 

"O setor de supermercados representa quase a metade da PMC e será afetada pelo efeito calendário, indicando queda na comparação interanual. Mas, mesmo na margem, a estimativa é de avanço fraco, o que mostra uma recuperação raquítica", explica o economista Caio Napoleão, da MCM Consultores.

 

 

A analista Isabela Tavares, da Tendências Consultoria Integrada, já reduziu a estimativa para o varejo restrito no ano, de 3,2% para 2,5%, depois da fraqueza do primeiro trimestre e sem sinal de reação no segundo trimestre, principalmente após paralisação dos caminhoneiros afetar a atividade e a confiança.

 

"Antes da greve, o varejo não estava bem. Depois da greve então [piorou] com o impacto na entrega de mercadorias, além das incertezas no cenário eleitoral e da recuperação lenta do mercado de trabalho."


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