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03 de Julho de 2014 – 02h30 horas / Revista Carga Pesada

“O transporte rodoviário de grãos no Paraná é caracterizado como um mercado de concorrência perfeita, no qual muitos agentes ofertam e demandam o serviço de forma que nenhum tem poder sobre o preço. Além disso, muitos transportadores não sabem fazer cálculos e cobram pelo serviço abaixo dos seus custos.” A conclusão é da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e foi retirada de um dos relatórios do projeto Benin, realizado pela instituição por encomenda da Federação da Agricultura do Paraná (Faep).


Em março do ano passado, representantes da Esalq viajaram pelo interior do Paraná entrevistando transportadores, tradings, cooperativas e cerealistas, em cinco rotas. Os cálculos levam em conta o valor de US$ 10,45 pelo bushel da soja, referente ao dia 12 de setembro.


O relatório diz que, no transporte rodoviário agrícola, em “alguns períodos do ano, o preço praticado  pelo mercado encontra-se abaixo dos custos mínimos para a realização deste serviço”.


A Esalq fez simulações de custo para as cinco rotas considerando as variações do preço do frete durante o ano. A conclusão é de que, em seu pico, ele estava acima do custo em todas os trajetos, em porcentagens que vão de 6% a66%. Mas, quando chegava ao valor mínimo, só se pagava em uma delas (com 5% de sobra). Nas outras quatros, os transportadores cobravam pelo serviço abaixo do custo. A desfasagem ficava entre 10% e 21%.  “Em geral, os preços do frete ao longo do ano estão bem próximos do custo”, diz o relatório


Nas cinco rotas analisadas, a participação do pedágio nos custos de transporte varia de 5%  a 14%. O combustível é o principal custo variável, representando 44% do total. Os pneus representam 30% e a manutenção, 22%. Já, entre os fixos, a maior participação é a de remuneração do capital (30%), seguida dos seguros (25%) e da depreciação (21%). A mão de obra vem em quarto lugar, com 25%.


A universidade também calculou o impacto da armazenamento e das despesas portuárias sobre o preço dos produtos agrícolas paranaenses. Em média, esses custos logísticos correspondem a 17,7% do preço da soja entregue no porto. O transporte responde pela maior parte (8,76%), seguido pela armazenagem (6,38%). Por último, vêm as despesas portuárias, que respondem por 2,58%.


O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do Paraná (Setcepar), Gilberto Cantú, diz que não é só no segmento de agronegócio que o frete é subavaliado. “Em geral, sabemos que alguns transportadores trabalham abaixo do custo. Há uma concorrência predatória no nosso setor, com muita gente despreparada, que não sabe fazer cálculo”, declara.


De acordo com Cantú, são empresários que não recolhem impostos, e que não computam determinados custos, como a depreciação dos veículos. “A médio e longo prazos esses transportadores quebram”, conta.


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