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25 de Outubro de 2016 – 03h36 horas / O Estado de S.Paulo

O Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a afirmar que eventual intensificação no movimento de corte de juros dependerá da "evolução favorável de fatores". Na ata da mais recente reunião do Banco Central que reduziu o juro de 14,25% para 14%, os diretores da instituição argumentam que "a convergência da inflação para a meta para 2017 e 2018 é compatível com uma flexibilização moderada e gradual das condições monetárias".

 

A exemplo do comunicado divulgado na semana passada após o anúncio da redução do juro, o BC voltou a afirmar no documento divulgado nesta manhã que "a magnitude da flexibilização monetária e uma possível intensificação do seu ritmo dependerão de evolução favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação no horizonte relevante para a condução da política monetária". Essa avaliação sobre os fatores e a trajetória da inflação é feita para os anos-calendário de 2017 e 2018, cita o texto.

 

A análise do BC sobre os fatores é determinada por dois fatores domésticos principais. A ata cita como primeiro fator que "os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica retomem claramente uma trajetória de desinflação em velocidade adequada". O segundo item de análise é que "o ritmo de aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia contribuam para uma dinâmica inflacionária compatível com a convergência da inflação para a meta".

 

Diante desse cenário, o BC cita no parágrafo 25 que o comitê "avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5%".

 

O Copom repetiu elogio ao ritmo de tramitação das reformas estruturais. "Há consenso no Comitê de que a velocidade no processo de apreciação das propostas de ajustes tem excedido as expectativas", citam os membros do comitê no parágrafo 2o do documento.
Apesar dos elogios à evolução do ajuste – em especial o fiscal – o texto lembra que o caminho para as reformas tem incertezas. "Entretanto, a natureza longa e incerta do processo sugere que há, ao mesmo tempo, risco e oportunidade", menciona o documento.

 

Previsões. O Banco Central reduziu ligeiramente a previsão de alta dos preços administrados pelo governo em 2016. De acordo com a ata divulgada pelo BC há pouco, a expectativa de alta neste ano caiu de 6,3% na ata anterior para 6,2% no documento de outubro.

 

Para 2017, a expectativa de alta dos preços definidos pelo governo como tarifas de eletricidade, transporte público e combustíveis foi mantida em 5,8%. Para 2018, o BC prevê alta de 5,1% desse conjunto de preços.
No cenário de mercado, que leva em conta as hipóteses de câmbio e juro apuradas pela pesquisa Focus, a expectativa para a inflação fica em 7% em 2016, em 4,9% em 2017 e 4,7% em 2018. Nesse caso, as estimativas para 2017 e 2018 estão acima da meta perseguida pelo BC, de 4,5%.

 

No cenário de referência, as previsões para a inflação estão abaixo da meta a partir de 2017. Essas estimativas do BC levam em conta o juro de 14,25% e taxa de câmbio em R$ 3,20 em todo o horizonte das previsões. Com esses parâmetros, a expectativa para o IPCA seguiu em 7% para 2016, 4,3% em 2017 e gira em torno de 3,9% em 2018. Portanto, abaixo da meta em 2017 e 2018.


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